Emoção e superação tomam conta da Etapa da Inclusão de Ouro no Paraná
23 DE JUNHO DE 2025 - ATUALIZADA EM 23 DE JUNHO DE 2025 | Redator: Guilherme Lermen | ABCCC
O sábado do dia 21, no estado do Paraná, a manhã foi marcada por mais do que competição: foi marcada por superação, emoção e inclusão. Em meio à bela paisagem dos Campos do Tamanduá, na estrutura da Cabanha São Rafael, em São Luiz do Purunã, Distrito de Bolsa Nova, sete competidores participaram de mais uma emocionante etapa da modalidade Inclusão de Ouro, prova que integrou a programação da Classificatória do Paraná ao Freio de Ouro 2025.
(participante da prova Inclusão de Ouro)
Com supervisão técnica do inspetor da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC), Victor Vianna, a etapa contou com provas nas categorias C e D, voltadas à participação de pessoas com deficiência física e/ou cognitiva. Assim como já havia ocorrido na Classificatória Gaúcha Norte, realizada em Esteio, a modalidade Inclusão de Ouro segue ocupando um espaço especial no calendário oficial da raça Crioula.
Mais que uma prova, o evento foi uma demonstração da força transformadora do cavalo. Um dos competidores, Elizeu da Silva, comenta sobre a sua experiência. “O cavalo dá muita liberdade para a gente. Eu sempre tive o sonho de andar de bicicleta, nunca consegui realizar esse sonho. O cavalo está me fazendo isso. As minhas pernas nunca conseguiram me deixar de pé e agora o cavalo está fazendo isso comigo”, contou. Elizeu teve poliomielite aos 11 meses, que comprometeu o movimento das pernas. Hoje, graças à equoterapia, relata estar conquistando mais mobilidade, especialmente na perna esquerda, onde antes praticamente não havia movimento.
A equoterapeuta Vitória Alves Branco Riezemberg, da ONG Kadiwéu – Atividades com Cavalos, esteve presente acompanhando os alunos que participaram da prova. Para ela, o impacto da equoterapia vai muito além da técnica. “A equoterapia, o termo brasileiro, é um termo muito técnico, então presume uma pessoa com deficiência montada em um cavalo, e a gente entende que o cavalo consegue nos entregar muito mais. A gente hoje tem duas éguas Crioulas que estão trabalhando e elas são excelentes no que fazem, a gente gosta demais delas. Nessa prova é a primeira vez que elas vêm, e essa turma que veio hoje é uma turma que veio da Prefeitura de Piraquara. Ter a oportunidade de trazer as pessoas que a gente treinou, como forma de inclusão social, é uma ferramenta muito poderosa. O cavalo, a prova, absolutamente tudo.”
Fernanda Maggi, coordenadora da modalidade Inclusão de Ouro, destacou os benefícios físicos e emocionais proporcionados pela competição. “Pensando em competição, além dos benefícios do contato com o cavalo, tem a questão da adrenalina de prova. Isso motiva, libera hormônios de bem-estar e prazer. Então junta o benefício do contato com o cavalo e a questão do benefício da competição.” Todos os participantes demonstraram muita emoção, e naturalmente todos que estavam assistindo se emocionaram também. Então é uma prova que trouxe começos, recomeços e superação. Ela ainda acrescenta que todos os participantes contaram com auxílio dos seus técnicos da equoterapia e seus familiares.
(auxílio aos participantes da prova)
O cavalo Crioulo também foi elogiado por sua aptidão para esse tipo de prova. Eduardo Azevedo, executivo de provas da ABCCC, explicou que o cavalo Crioulo é um cavalo de bom temperamento. “Ele é um cavalo de estatura baixa, muito tranquilo, forte. Então tudo isso transmite segurança em quem utiliza o cavalo”, acrescenta.
A etapa teve apoio institucional do Instituto Purunã, instituto contemplado no 1° Regulamento de Patrocínio da ABCCC, que promove ações de cultura e desenvolvimento. “Nós apoiamos todas as causas de inclusão e justiça social, então podermos trazer esse evento tão simbólico é muito importante para conseguirmos demonstrar o quanto o cavalo também pode transformar essas vidas. Tô falando de superação, dedicação, de esperança pela vida. Nisso que me refiro quando o cavalo transforma essas vidas”, afirmou Soraia Melchioretto, gerente do instituto.
Para o titular da Cabanha São Rafael, Mariano Lemanski, sediar a etapa foi um privilégio. “A gente acredita que o cavalo é um animal sagrado, um animal que faz bem pro ser humano, então quando a gente recebe uma prova como essa da inclusão, aí que você tem a certeza completa que os cavalos são animais sagrados. Foi uma prova linda. Foi lindo ver como o cavalo se entrega para as pessoas.”
A entrega de premiação dos vencedores da modalidade Inclusão de Ouro teve um momento simbólico e emocionante, os troféus foram entregues pelos próprios ginetes que participaram da Classificatória do Paraná ao Freio de Ouro 2025. O gesto reforçou a conexão entre as diferentes modalidades e mostrou espírito de união, demonstrando o respeito dentro do universo do Cavalo Crioulo.
(Entrega da premiação aos vencedores)
A próxima parada dos classificados será a grande final, durante a 48ª Expointer. Até lá, fica a certeza de que, mais do que esporte, a Inclusão de Ouro é sobre esperança, liberdade e afeto entre as pessoas e o Cavalo Crioulo.
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