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DE REDOMÃO A CAVALO: por Luis Carlos Cassal de Albuquerque

25 DE OUTUBRO DE 2020

DE REDOMÃO A CAVALO*

Por Luis Carlos Cassal de Albuquerque

 

Do projeto à execução demorou-se ao redor de dois anos. Finalmente em abril de 1978 conseguimos pôr em marcha o que se denominou na época ‘’1ª Exposição Funcional para Cavalos Crioulos’’. O esqueleto está vigente, o que achamos hoje que foi o grande acerto da época, ou seja, a divisão em duas sub-notas morfológica (10 pontos) e funcional (15 pontos).

 

Criaram-se inúmeras categorias por falta de número de animais, desde redomões revisados até éguas prenhas e/ou com cria ao pé, todos executando (ou tentando executar) as mesmas exigências. Graças ao capricho e organização de João Rouget (secretário nas três primeiras edições) transcrevemos adiante os concorrentes com suas respectivas avaliações e colocações. 

 

Como jurado tivemos a certeza de convidar a pessoa certa, Flavio Tellechea, zootecnista impar em qualquer espécie, além de gostar de cavalo e sustentar boa e interessante conversa sobre o tema, assimilou com maestria a orientação exigida, exemplo as notas morfológicas usadas com a flexibilidade disposta pelo regulamento (de 0 a 10), algo que abandonamos não se sabe a causa.

 

Como curiosidades de então, era de se notar os proprietários montando seus cavalos. Abandonou-se a prática pelo sinal dos tempos. Os trabalhos com gado eram mais no sentido de ver-se a pata, ou seja, na soltada do boi era proibido sair junto, isto é, deveria dar-se porta e depois ver se alcançava. Tínhamos diagonais de mais de 400 metros no parque de Jaguarão. As escaramuças e provas de avaliação de doma sempre foram lembrando trabalhos usados no campo, sem desperdícios de movimentos  inúteis e desnecessários. Flavio esteve conosco três anos julgando, depois disto disse: ‘’arrumem outro que para o ano trago com o Roberto um caminhão cheio’’. E assim foi.

 

Os criadores que colaboraram na época jamais serão esquecidos. De um redomão bem colocado, postura alta, nuca quebrada e patas embaixo da barriga, herança da velha equitação gaúcha (influência moura), conseguimos ir adiante com um bom cavalo de freio.

 

Confira a seguir uma cópia da planilha da 1ª Exposição Funcional, provas que deram origem ao Freio de Ouro:

 

Sobre o autor

Luiz Carlos Cassal de Albuquerque foi um dos pioneiros idealizadores das provas funcionais no município de Jaguarão/RS, provas estas que deram origem ao Freio de Ouro. Também carrega tradição como criador sob o afixo Sombra, na Estância São Luiz, tendo produzido animais como a Freio de Prata 1982, Chacay Sombra, e os grandes campeões da Expointer, Guarani Sombra (em 1985) e Bordona Sombra (em 1989). Além disso, sempre mostrou-se um grande incentivador da Marcha de Resistência, destacando a importância da prova como um dos pilares de seleção da raça e sendo uma figura fundamental para a manutenção e para o fomento da Marcha no Brasil.

 

 

 

*Este artigo foi publicado originalmente no Anuário 2019 da Raça Crioula.