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Retorno às origens: criador reabre afixo do avô e dá continuidade à história

23 DE SETEMBRO DE 2020 - ATUALIZADA EM 24 DE SETEMBRO DE 2020 | Redator: Marina Bonati/ABCCC

No mês de agosto, enquanto o público do Cavalo Crioulo acompanhava as últimas semifinais do Freio de Ouro e observava os animais que participariam da Morfologia 2020, o técnico Thiago Persici foi solicitado para uma visita técnica na região de Santana do Livramento/RS cuja história era digna de ser compartilhada. Depois de 56 anos, Sérgio Falcão Pereira reabriu o afixo do avô - que por conta do tempo acabou expirando - e deu continuidade ao legado da família com um RP 01 cheio de nostalgias.

A retomada às suas raízes com a criação de Cavalos Crioulos surgiu em um remate na cidade. Olhando o catálogo dos animais, Sérgio observou uma potra que tinha em seu pedigree o nome Mainumbi! “Cheguei em casa e pedi para o pai me contar sobre os cavalos do velho Nery. Aquilo me chamou a atenção e, como gosto de cavalos, sempre tive a ideia de tentar pegar o afixo Mainumbi (apesar da Estância não ser mais nossa). Mas não poderia deixar de resgatar a história”, comentou.

 

Na direita da foto, Renascer do Mainumbi


A partir daí surgiu a conversa com o dono da potra, Olavo Saldanha do Prado, criador de longa data. Em meio à conversa, Olavo se referiu a um “famoso tio Nery”, conhecido pela sua família por ter uma bela tropilha de Crioulos bragados antigamente e que levou seus pais a se apaixonarem pela raça. No entanto, o que ambos não sabiam, é que o “famoso tio Nery” era o avô de Sérgio, protagonista de muitas histórias ouvidas e enraizadas tanto pelo neto, Sérgio, quanto por Olavo.

Pois o enredo chamou a atenção de Persici que, ao visitar Sérgio, resenhou e marcou o RP 01 do resgatado afixo Mainumbi: a potranca RENASCER DO MAINUMBI. Além disso, o técnico destacou o quão simbólica foi essa retomada em tempos de pandemia. “Mesmo com um único animal, o que interessa é a esperança de voltar a criar. Em meio a uma crise econômica, tem alguém resgatando um afixo histórico, tentando retomar suas raízes. Enquanto os antecessores dele arrendaram o campo e pararam a criação, ele fez o caminho contrário”, disse.

Na foto, o avô de Sérgio


E o resgate está apenas começando. Segundo Sérgio, tudo o que ouviu sobre o avô, o mesmo “tio Nery”, foi contado por seu pai. Segundo ele, Nery começou a criação em 1940, participou de diversas exposições e a linhagem aparece em afixos JAC, Pesqueiro, Santa Rufina e outros. “O pai me conta que os prêmios eram simples tipo um troféu. Lembro de um que o vô ganhou, era uma cabeça de Cavalo Crioulo de prata. Na época eu tinha 12 anos e troquei por um coelho. Bah, se arrependimento matasse... Quando criança a gente não tem ideia do valor das coisas!”, lembra.

Passado os anos, pouco restou do Cavalo Crioulo na família pois o pai precisou arrendar o campo por não conseguir conciliar a Estância e o trabalho no banco, em 1995. “Fiquei muito feliz de resgatar uma parte da história da família que há muitos anos tinha se perdido no tempo. A emoção foi mais ou menos como a de um filho que estava nascendo”, completou.