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Arte alimentada pelo campo - músico gaúcho Lisandro Amaral estreia no Freio do Proprietário

29 DE JANEIRO DE 2020 - ATUALIZADA EM 30 DE JANEIRO DE 2020 | Redator: Juliana Rosa/ABCCC

A música inspira, incentiva e leva o gaúcho do campo a lugares que as cavalgadas não conseguem chegar. As letras do músico gaúcho Lisandro Amaral abordam sua ligação de 30 anos com o cavalo de serviço. Criador há 13 anos, o afixo Curandeiro acompanha os RPs de seu criatório fixado em Bagé/RS, ao mesmo tempo que agrega à sua arte. Sua rotina que inclui a doma de seus animais lhe inspirou a inscrever-se em provas da modalidade, mas para o ciclo 2020, a novidade é outra: Freio do Proprietário.

 

O interesse por correr a prova voltada a ginetes não profissionais partiu de sua experiência nas competições de Doma. A possibilidade de poder correr com um cavalo com mais idade e com maior tempo de treinamento, lhe chamou atenção. Assim, decidiu organizar-se para apresentar expor sua marca. “É uma prova de pessoas que provavelmente pensam da mesma maneira, que têm um criatório, que têm o fundamento principal de promover o lazer para o criador. Creio que esse é o objetivo básico da prova do proprietário: o criador se divertir com o que ele mesmo cria”, diz.

 

A estreia do músico na modalidade acontecerá na Cabanha Beribá, no município de Candiota/RS, entre os dias 14 e 15 de fevereiro. A programação era estrear em Bagé/RS, no último final de semana, mas sentiu que o conjunto a ser apresentado não estava na melhor forma. Agora, com data definida para entrar em pista, ele é grato pela liberdade de escolha de cidades que a prova proporciona. Ansioso e trabalhando diariamente por mais alguns dias, ele sente prazer em treinar o próprio animal, e alega que a atividade lhe proporciona um ensino mútuo.

 

Foto: Emanuele Kanitz

 

Sua “curandeira”
A companheira de pista de Lisandro Amaral é Curandeira Guaycuru, linhagem de Santa Elba Sinuelo, filha de Firmeza 1786 e Huaman Baluarte. O proprietário olha com carinho para a história do pai da picaça - sua mãe foi a única a receber produto do garanhão, que faleceu logo em seguida. “Escolhi esta potra porque ela me deixa errar devido seu comportamento, mansidão e habilidades. Às vezes erramos juntos, nos corrigimos juntos. É interessantíssima a minha ligação com esse animal”, relata, ressaltando que deposita na fêmea sua confiança quando a família ou amigos querem montar em um de seus animais.

 

A preparação com a fêmea tem sido harmoniosa, com alguns desacordos, mas várias felicidades por conseguir obter resultados positivos em determinados movimentos. A conversa com outros criadores e ginetes é constante. Lisandro pede vídeos, dicas e adapta seus conhecimentos à sua doma. “Exige muito tempo e muita dedicação. Entendo e parabenizo os treinadores e ginetes”.

 

“O serviço de campo alimenta a minha música. Esse serviço está no lado de fora da pista, está nas estâncias, nas mãos calejadas do domador. Se Lisandro Amaral está dentro de uma pista é porque elegeu um esporte para praticar. Esse esporte tem o rótulo do Cavalo Crioulo. Então que bom que o esporte que escolhi tem o rótulo do animal que representa o ambiente cultural que representa a minha música. Respeito muito a raça, seu crescimento e a maneira como ela se organizou. Escolhi um esporte equestre, poderia ser qualquer outro, mas que bom que é o esporte do cavalo símbolo do povo do Rio Grande do Sul”.


Dada chance à raça Crioula
Anos antes de criar seu afixo Curandeira, Lisandro trocou com um amigo uma égua sem registro por uma potra Crioula resenhada. “Essa potra me fez prestar mais atenção nos detalhes da raça, tanto morfológicos quanto nas atividades funcionais”, conta. Através de conversas e por influência positiva de ter sido casado com uma veterinária, foi entendendo fundamentalmente o esporte que se derivou das funções do cavalo de serviço. Percebeu que ali existia muita manifestação cultural, interação, além de um mercado forte. Assim, sentiu-se mais confortável em criar animais da raça Crioula que outros sem registros.

 


É fundamental para um criador acompanhar o que está acontecendo dentro da raça, seja no time das linhagens funcionais ou no das morfológicas. O músico se enquadra mais no primeiro segmento. Sempre ativo, ele acompanha as provas e participa das transmissões ao vivo via internet enviando mensagens e interagindo. Para ele, acompanhar os movimentos dos animais que estão em evidência é importante para ficar por dentro até mesmo daqueles que não aparecem na lista dos principais cavalos. “Creio que esse movimento, esse comportamento de doma, de treinamento, é fundamental para saber que dose daquela linhagem tu vais querer usar no teu criatório”, explica.

 

Quando questionado sobre sua relação com as pistas competitivas, Lisandro foi enfático: “Pista para mim é andar à cavalo”. Confortável em camperear e juntar gado, ele vê nas pistas um espírito competitivo, tão natural quanto o futebol. “Não me valeria nada ganhar um Freio de Ouro profissional se meus filhos não pudessem andar no meu animal, nessa égua preta que vou apresentar”.

 

Inclusão de Ouro e a surpresa na última Expointer

A última Expointer reservou um momento emocionante aos presentes. Na véspera de entrar em pista pelo Inclusão de Ouro, Matheus Barreto recebeu o seu primeiro cavalo, doado pela Cabanha Mapocho e quem fez a entrega da surpresa foi o seu grande ídolo, Lisandro Amaral.