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Tunico Fagundes escreve crônica sobre as eleições da ABCCC

07 DE SETEMBRO DE 2016 | Redator: Redação ABCCC

Ex-presidente da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC) e membro da Comissão Eleitoral que atuou no pleito que elegeu a diretoria da entidade para o próximo biênio, José Antônio Marques “Tunico” Fagundes aproveitou o momento para desenvolver outra de suas afeições: a escrita. Inspirado no ambiente criado em torno do processo, realizado durante a Expointer, Tunico explora o tema fazendo um paralelo com as populares corridas de carreiras, destacando o tradicional espirito de disputa saudável do meio crioulista. Uma análise bem humorada e que deixa evidente o seu apreço e dedicação à Associação e à raça Crioula.


 


 


UMA CARREIRA BEM CORRIDA...!


No partidor o sapatear dos cascos, as gotas de suor, os nervos estirados, as artérias amostra, não deixavam dúvidas que a disputa seria difícil.


Nas patas dos dois “crioulos” estavam apostadas muitas expectativas, esperanças, ideias e ideais. Muitas facções haviam se formado.


Os dois se conheciam muito, eram da mesma procedência, mesma linhagem, criados no mesmo ambiente, no mesmo campo onde comeram as mesmas pastagens e receberam formação e treinamento muito semelhantes.


Um, um pouco mais velho, mais experiente o outro, mais jovem cheio de vontade e muita coragem. Os dois sabiam que teriam que correr toda “a capinada”, que não seria fácil, tinham se preparado muito bem, já faziam alguns meses que estavam em treinamento, sentiam-se prontos!


A nós mais velhos, coube o papel de “sentença” nesse páreo tão disputado, missão ingrata, pois na qualidade de amigo dos dois lados, tínhamos muito medo que no final, quando um fosse o ganhador, sobrassem arestas, se criassem divisões, sentimentos e inimizades. Não queríamos de nenhuma maneira que os “corredores” se dividissem.


E no grito de “já se vieram”! Apontaram e iniciaram a carreira, o tropel dos dois correndo pela cancha ainda ressoa em nossos ouvidos e corações, os respingos da lama parecem querer  “tatuar” a assembleia que torce e acompanha tudo mas ficará “marcada” pelo momento, o esforço de cada um emociona toda a torcida; Cabeça com cabeça, pisada por pisada, impulso por impulso os dois se aproximam da chegada, lado a lado como se fossem conversando, um respeitando o outro, cada vez se aproximando mais, talvez não da vitória, mas dos louros do respeito e admiração que temos pelas suas condutas e desempenho. 


E o Marcelo e o Dado chegaram ao final, o vencedor cumprimentando o vencido, e o que chegou em segundo desejando ao primeiro uma boa gestão. Não poderia ser diferente, o DNA dos dois, o pedigree não desmentiu a qualidade dos dois jovens que tanto se esforçaram pela raça.


Na ABCCC é assim, as disputas acontecem só na hora da prova, passado isso somos todos torcedores da mesma causa, o crescimento de nossa raça! Não há espaço para oposição ou cobranças, há sim muito lugar para trabalharmos ou melhor, seguirmos trabalhando unidos como sempre fomos.


Sempre digo que essa disputa sadia, alegre entre amigos, que aprendemos e desenvolvemos lá na carinhosa Jaguarão desde a classificatória do primeiro Freio de Ouro, é a nossa maneira de ser, é o baluarte marcador, da maneira diferente que procedemos e nos comportamos com os companheiros crioulistas, independente de resultados.


 Aprendemos muito com o Dado e o Marcelo, aprendemos que o respeito e o amor pela raça estão muito acima de qualquer disputa. Ficou claro, desde que promulgamos o resultado que a carreira terminou lá no dia 31, que agora temos muito para trabalhar e apoiar, sobretudo incentivar e ajudar o vencedor.


Tomara esses exemplos se repitam, tomara nossos filhos e netos no futuro se espelhem nessa maneira correta, amiga e exemplar que um verdadeiro Crioulista sempre tem!


 


Tunico Fagundes


Expointer 2016