Brasil, Uruguai e Argentina evidenciam a evolução da raça
17 DE JUNHO DE 2016 - ATUALIZADA EM 18 DE JUNHO DE 2016 | Redator: Andressa Barbosa/ABCCC
O ambiente de um passaporte morfológico é, antes de qualquer coisa, um momento de fomento da raça em sua forma mais essencial. Em Alegrete/RS essa máxima literalmente ganhou voz ao unir no mesmo lugar experiências brasileiras, uruguaias e argentinas nesta sexta-feira (17). Tudo para ampliar os horizontes de jovens, mostrando a importância da raça Crioula dentro do agronegócio.
Sob a parceria formada pela Comissão Jovem do Sindicato Rural e do Núcleo de Criadores de Cavalos Crioulos do município (NCCCA), a ideia inicial era apresentar - ao grupo considerado o futuro do campo - meios para a qualificação de conhecimentos. Este foi o mote do seminário e da mesa redonda que juntas colocaram a história, as origens e a evolução do cavalo Crioulo em debate. E como não poderia ser diferente, o Freio de Ouro e sua amplitude como a principal ferramenta para a seleção de um cavalo completo também ocuparam destaque.
Mas a participação de painelistas do Brasil, Uruguai e Argentina no mesmo lugar atraiu a atenção de todas as faixas etárias. Ali, lado a lado, a juventude e experiência estiveram atentas às mesmas contribuições explanadas pela técnica credenciada à Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC), Christina de Freitas, do criador uruguaio Juan Montas e do também selecionador e jurado argentino, Raul Etcheberre.
Intercâmbio sempre presente
Ao abrir as discussões, Christina abordou, principalmente, a evolução do Crioulo desde o início da definição do standard racial no país até a escolha pela busca da retangularidade tão perseguida até agora. Outro ponto frisado pela criadora foi a importância do consenso dos países em focar no desenvolvimento de um trabalho prezando morfologia e função juntas em cada animal. Isso, segundo ela, foi um fator determinante para a evolução do Crioulo. “Dentro de uma mescla genética internacional se chegou ao conjunto morfologicamente funcional e resistente encontrado hoje”, afirmou.
Quem também atribuiu os avanços obtidos ao longo de décadas de criação a uma construção coletiva foi Montas. Conforme os dados apresentados pelo uruguaio, cerca de 83% da manada nacional é formada por cavalos Crioulos e a troca de informações com criatórios estrangeiros é a propulsora da profissionalização dos ginetes, a valorização dos animais e até a melhora das pistas e instalações dos eventos. Este intercâmbio - proporcionado tanto pelo intercâmbio de linhagens quanto pelo Freio de Ouro - influenciam ainda na criação de provas de mesmo formato, na consolidação de agremiações e organizações e a difusão da raça, motivada por sua divulgação a novos investidores. “Sem dúvida o Freio de Ouro permitiu isso”, enfatizou.
Somando ao trio de palestrantes, Raul Etchebere, remontou os primórdios da seleção Crioula na Argentina e também atribuiu o sucesso da evolução racial ao empenho conjunto capaz de fazer linhagens ultrapassarem as divisões geográficas. “É muito difícil hoje encontrar animais de genética puramente argentina” apontou Etchebere ao dizer acreditar que o mesmo aconteça nos outros países, também brindados pelo intercâmbio além porteiras. “A genética é do Mercosul, ela cruza a fronteira sem nenhum trauma”, completou.
De olho no futuro
Conforme o presidente da Comissão Jovem do Sindicato Rural da cidade, Lucas Senna, é preciso insistir em estreitar laços com os mais novos e incentivá-los a escolher atividades ligadas ao agronegócio. Em Alegrete, o grupo é formado por aproximadamente 32 colaboradores engajados em atuar nas mais diversas frentes, construindo pontes entre os jovens e o conhecimentos em variados ramos. Para isso, são formadas alianças com representantes de diferentes raças, setores agropecuários e instituições de ensino.
Esta é então, a meta assumida para disseminar o potencial do agronegócio como um grande mercado à procura de mão de obra qualificada. “Queremos fortalecer o interesse do jovem pelo campo, garantindo a sucessão do trabalho na zona rural. Por isso focamos a necessidade de profissionalização e levamos isso ao acesso de todos”, argumentou Senna.
Com o mesmo pensamento, o presidente do NCCCA, Marcelo Tellechea Cairoli, abraçou a causa e incluiu a iniciativa na programação do passaporte da Região Três para a Expointer. Aproveitando o público e compartilhando os olhares da exposição, a entidade contempla também seu papel social na manutenção da força de trabalho mostrando opções tão rentáveis e promissoras quanto às encontradas nas profissões mais urbanas. “É dever do Núcleo estimular e promover esse tipo de encontro. Aqui temos um envolvimento muito grande da comunidade. Congregamos todos ao facilitar o acesso ao conhecimento sobre informações e origens da raça”, frisou.
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