Projeto Vaquejada entra em nova fase

As portas de um dos maiores mercados consumidores de cavalos do país voltam a se abrir ao Crioulo. Lançado em 2010, o Projeto Vaquejada entrará em nova fase esse ano e voltará a oportunizar aos criadores da raça uma chance de mostrar o potencial de seus animais, além de constituir também uma importante via para a fluidez de castrados. A Vaquejada é uma modalidade esportiva, com raízes na cultura do Norte e do Nordeste brasileiro, onde são realizados grandes eventos com premiações de até R$ 300 mil.

Nessa nova fase, o projeto irá selecionar até seis animais que serão preparados e treinados para inserção na modalidade. Interessados poderão inscrever seus animais até o dia 15 de março para participar da avaliação para escolha dos exemplares. Esses animais serão adquiridos pela ABCCC por um valor em torno de R$ 7 mil, que será pago através de um crédito de R$ 3,5 mil para ser utilizado em 2016 e de outro de mais R$ 3,5 mil para uso em 2017.

A revisão dos animais deve ocorrer entre os dias 19 e 26 de março de forma regionalizada, ou seja, em local próximo à região em que houver maior número de inscritos. A avaliação contará com a análise do vice-presidente da Associação Cearense de Vaqueiros Amadores (ACEVAQ) e diretor do Circuito Ferradura de Vaquejada, Leôncio Barreto Sobrinho.

Potencial

Criador da raça em Fortaleza/CE e participante do projeto desde a sua primeira edição, Sobrinho ressalta a alta capacidade do cavalo Crioulo e adaptabilidade às exigências da prova, assim como o poder do mercado de animais oportunizado pela modalidade. “No início ainda não se sabia o padrão exato, as características necessárias, e os criadores acabaram enviando animais que utilizavam no campo. Ainda assim conseguimos bons resultados. Faltou também um pouco de conhecimento dos treinadores daqui sobre a raça, pois aqueles que fizeram um trabalho específico de treinamento viram os cavalos corresponder. Nessa nova fase, vamos tentar trazer animais de acordo com as necessidades da prova, o que deve dar um resultado ainda melhor e em menor tempo”, diz

Com cinco animais em treinamento e participando dos circuitos de Vaquejada e investindo também no Ranch Sorting, Sobrinho salienta os resultados do trabalho focado especificamente na adaptação do cavalo Crioulo à prova. “Já tive excelentes resultados com meus animais. Recentemente, dividimos o primeiro lugar com outra dupla na disputa de um circuito no qual participaram 250 animais, em onze provas. Também no campeonato amador da ASSOVARN, Associação de Vaqueiros do Rio Grande do Norte, realizado em Natal, com mais de 800 duplas, levamos três prêmios com os três animais que levamos”.

Outra questão observada pelo criador refere-se a uma mudança de conceitos na execução da prova, que pode beneficiar o cavalo Crioulo. Segundo ele, em razão da pressão exercida pelas entidades que defendem o bem-estar animal sobre os organizadores dos circuitos de Vaquejada, os regulamentos da prova estão tendendo a valorizar mais a técnica - o que irá exigir animais cada vez mais preparados. “Não adianta ter somente velocidade ou força bruta. Nesse sentido, o cavalo Crioulo, por ser vaqueiro por natureza, pode levar vantagem”.

Preferências

Com o público adepto composto em sua grande maioria por usuários de cavalos, a prova tem as suas particularidades. Uma delas é que a grande maioria dos cavalos participantes, segundo Barreto Sobrinho entre 90% e 95%, são castrados. Também há bastante espaço para éguas, por oferecer além da participação na prova a possibilidade de reprodução. No entanto, o grande interesse mesmo é participar da prova e concorrer à premiação, o que exige apenas um bom animal, independente da sua condição. Conforme o criador a predileção se limita a animais entre três e sete anos.

Quanto às características físicas, Sobrinho observa que os vaqueiros dão preferência a animais com altura acima de 1,45m e quanto mais alto melhor. Peso acima de 400Kg ou, em caso de animais jovens, com potencial para ultrapassar essa marca. Quanto à medida torácica, o ideal buscado na Vaquejada é acima de 1,80m. E no geral, animais de boa conformação, com aptidão vaqueira, corajosos, inteligentes, resistentes e rápidos.

O criador cearense ainda destaca alguns critérios que fazem parte das particularidades dos vaqueiros em relação aos animais. Segundo ele, as pelagens preferidas são, nessa ordem, tordilha, moura, preta/zaina, baia, colorada, gateada. Existe ainda, entre os adeptos da modalidade, uma superstição com relação aos sinais. A maioria não gosta do pé direito branco e gosta do pé esquerdo branco.

Inscrições

Interessados em participar do projeto podem se inscrever diretamente com o Setor de Eventos, pelo e-mail eventos@abccc.com.br informando os seguintes dados: nome do proprietário, nome do(s) animal(is), contato e cidade onde estão localizados dos animais.

Transferência

A transferência de propriedade dos animais ocorrerá da mesma forma como já foi feito nas fases anteriores do Projeto. Os exemplares aprovados são repassados aos treinadores da modalidade participantes, porém, o registro de transferência é feito para a Associação.