Arte e técnica na doma Crioula
16 DE JANEIRO DE 2014
Domar um cavalo pode ser considerado uma arte. São necessários conhecimento e técnica para ensinar o animal, visão para desenvolver suas habilidades e paixão pelo ofício para despertar a confiança de seu aluno. Porém, domar um cavalo também exige dedicação, responsabilidade e comprometimento com um processo fundamental de iniciação que refletirá por toda sua vida.
O início de um trabalho bem elaborado é vital no desenvolvimento do cavalo. Se for mal conduzido, apurado ou suprimido, comprometerá seu futuro funcional e até mesmo poderá atrasar ou anular sua capacidade de entrar na pista para as competições. “Um cavalo bem domado é um animal pronto para receber um treinamento forte e uma preparação detalhada para entrar nas provas”, afirma o treinador e ginete Daniel Teixeira, do Centro de Treinamento Água Funda, em Júlio de Castilhos/RS.
Daniel explica que até o animal entrar na pista ele necessita passar por duas etapas, a doma e o treinamento. “A primeira etapa é o princípio de tudo, é essencial para a vida do cavalo, a segunda consolida o trabalho e o capacita para competir.”
Raul Teixeira Lima aprendeu cedo a domar. “Com 12 anos eu já me interessava pelo trabalho e domava os primeiros cavalos.” Hoje, Raul é domador e proprietário do Centro de Treinamento Raul Lima, em Cachoeira do Sul/RS, e como acúmulo da sua experiência por todos esses anos, ele esclarece a importância da profissão que escolheu: “É na doma que se prepara e amadurece o cavalo. É também na doma, que com um olhar apurado, pode-se avaliar se o cavalo tem temperamento e aptidão para, mais tarde, entrar na pista.”
Em um ano de doma, o cavalo deverá passar por várias etapas, como o entendimento com o domador, adaptação ao meio ambiente, confiança, obediência, colocação de arreio, montaria e freio. “É preciso, no mínimo, 12 meses para que o animal esteja pronto para a vida adulta”, contabiliza Raul que enfatiza o risco que muitos criadores correm quando querem acelerar o processo com a intenção de inscrever seu cavalo mais cedo nas provas. “Se o animal não foi bem domado, no tempo certo, poderá ter problemas de estrutura corporal e de comportamento.”
Para Daniel - que concorda com Raul e salienta a importância de mais um ano para a fase de treinamento - o cavalo sem doma ou mal domado é um animal que carregará para sempre problemas e vícios. “A doma é a base de tudo. Se o trabalho não for bem-feito, logo aparecerão os maus hábitos e até mesmo problemas morfológicos, resultado que na maioria das vezes não é possível modificar, apenas se adequar a eles durante o treinamento.”
Domador e treinador, Raul e Daniel, não deixam dúvidas e chegam a uma única conclusão: para se ter um cavalo saudável e competitivo, ao final de dois anos de intensa dedicação, a doma é fundamental.
Foto: Douglas Saraiva/Arquivo ABCCC
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