O charme da mulher campeira
06 DE SETEMBRO DE 2013
O crescimento da presença feminina em todos os setores do mercado de trabalho é uma tendência evidente e irrefutável. Administradoras de empresas, executivas, diretoras, chefes de equipes, jogadoras de futebol. Para todo lado que se olhe fica fácil comprovar essa máxima e enxergar alguma mulher liderando ou desbravando alguma nova área. Se isso é uma realidade global, por que seria diferente no campo e nos esportes ligados a lida com animais?
Prova dessa mudança de paradigmas é a treinadora Vanessa Castilho. Formada no curso Técnico em Agropecuária, na Escuela Agraria de Artigas, no Uruguai, ela trabalhava na área de formação, mas largou a profissão para seguir a carreira de treinadora de animais. Hoje ela é assistente de treinador no Centro de Treinamento Raul Lima, em Cachoeira do Sul. Agora, junto com outros três homens, compõe uma equipe que classificou 10 dos 96 cavalos Crioulos que chegaram a final do Freio de Ouro, na Expointer.
Vanessa treina, mas também monta. Em 2005 ela formou uma dupla com a ginete Denise Leite e foi vice-campeã do Campeonato Nacional de Paleteada. A assistente de treinador diz que é muito feliz com sua escolha, pois está entre os melhores e atingiu um objetivo de vida. “Embora seja crescente a participação feminina nesse meio, hoje ainda são poucas as mulheres que despontam na área, por isso me sinto privilegiada”, comenta.
Inspiração para a nova geração
Ao desbravar esse campo, até pouco tempo inóspito para as mulheres, Vanessa se tornou um exemplo a seguir. As jovens Laura de Mello Paulo, 21, e Nathiely da Costa dos Reis, 19 anos, de Santana do Livramento, se inspiraram nela para ingressarem na vida de ginetes. “Eu estudava ballet, mas depois que vi ela montando achei lindo e resolvi pedir para minha mãe um cavalo de presente no meu aniversário”, contou Laura.
As jovens estudantes de Ciências Contábeis seguiram o caminho de Vanessa e se tornaram ginetes de sucesso. Elas formaram a única dupla feminina entre os 39 conjuntos que competiram na acirrada disputa da final da Paleteada, na Expointer. Mesmo acostumadas a calcular, elas não conseguiram números muito altos nas notas e acabaram eliminadas antes da hora, mas nada que desabone quem chegou na última etapa de uma competição que reuniu ao longo do ano nada menos que 1096 duplas em 50 eventos por todo o Brasil.
As ginetes contadoras tem consciência do grande feito que alcançaram, mas para o próximo ano elas querem números ainda mais expressivos. “Queremos voltar com força e brigar pelo título em 2014”, explica Nathiely. Para quem está acostumada a trabalhar com cálculos, saber a soma que garantirá esse objetivo não deve ser muito difícil, mas se não vencerem não tem problema, pois o principal dessa matemática é a multiplicação de mulheres na lida com o cavalo Crioulo.
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