Jovem supera traumas e sonha em brigar pelo Freio de Ouro

  Dormir de luz acesa, ter medo de ficar sozinha em lugares fechados e tremer sempre que via uma porta fechada. Esses medos atormentavam a vida da menina Camilla Silveira. Atormentavam, no passado mesmo, pois hoje ela deixou para trás todas essas fobias, se tornou uma ginete de respeito entre as crianças de sua categoria e chegou a grande final do Freio de Ouro Jovem. E essa mudança de comportamento veio a galopes. Ela atribui essa superação as aulas de montaria que faz há cerca de três anos em Jaguarão, no Rio Grande do Sul. Camilla é colega de outras 50 crianças na Escolhinha Gaucha de Ginetes. Lá a jovem aprendeu a ginetear, mas mais importante que isso, começou uma batalha para reaprender a montar.  “Mais nova eu tinha um pônei, mas ela morreu. Ai durante uma aula de hipismo fui montar em um animal que eu não conhecia, caí e quebrei o braço direito. Depois disso fiquei com medo de subir em outro cavalo”, lembra. As aulas com o instrutor Pedro Silveira foram fundamentais na parte técnica, mas o auxílio da psicóloga Tiana de Primio, que dá suporte aos alunos da escolhinha, foi ainda mais importante nesse processo. “Eu reaprendi a confiar. Ela me instruiu de uma forma muito sadia e eu percebi que o contato com o cavalo é uma coisa muito saudável. Isso me ajudou a superar meus traumas e hoje eu adoro montaria”, explica. Contornados os medos, Camilla se tornou uma ginete de respeito. Há apenas um ano no circuito a jovem já garantiu vaga na final do Freio de Ouro Jovem, o torneio mais importante da raça Crioula. Ela se classificou na etapa de Pedras Altas em novembro do ano passado, quando atingiu a nota de 9.15 e conquistou o segundo lugar na bateria. Agora, desde junho, a menina treina 3 horas por dia para chegar forte na grande final, que ocorreria nesse final de semana, mas devido a cheia do rio dos Sinos foi transferida para os dias 13, 14 e 15 de setembro.   Gineteada no sangue A paixão pela montaria vem de família. A jovem é sobrinha do famoso ginete Felipe Silveira, três vezes vencedor do Freio de Ouro. “Participar da categoria principal é meu objetivo de vida e é onde quero estar daqui há alguns anos. Minha paixão pelo cavalo não tem tamanho e até por isso quero ser veterinária quando for para faculdade”, explica Camilla, com cara de menina, mas com convicção de quem já está decidida do que quer. Ela vai competir na grande final com a égua SC Veterana, a quem atribui muita ligação com a sua história de superação. “Temos uma ligação forte e ela me ajuda demais. É um animal maravilhoso e que, por mim, meu avô não venderá nunca”, diz. A garota vem cheia de animo, mas não se atribui uma condição de favorita. “Sei que para esse ano já fiz muito em estar aqui, então para uma estreia o que vier é lucro”, entende. Esse é o pensamento dela, mas para quem já superou o medo do escuro não há bicho papão que amedronte e Camilla deve brigar forte pelo Freio.