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Amanunciação: o carinho que toca o cavalo

14 DE MAIO DE 2013

  Mais que um simples toque, a amanunciação tem vários significados. A técnica de deslizar as mãos pelo corpo do potranco representa, além do próprio carinho, o início de uma relação de confiança entre o homem e o animal. Em apenas uma semana, se bem trabalhado, o cavalo perde as cócegas, os medos e já vai aprendendo desde cedo a conviver com buçal, palanque e, o melhor de tudo, com o manejo. Pois mesmo o processo sendo realizado ao pé da mãe, ele acaba refletindo benefícios durante toda a vida. A doma, por exemplo, se torna uma tarefa mais fácil nos amanunciados.   Isso acontece, segundo o veterinário e membro do conselho técnico da ABCCC, Luiz Martins Neto, porque essa é justamente uma fase de aprendizagem do animal e tudo o que ele assimila nesse período tem mais probabilidade de se tornar um padrão de comportamento no futuro. Ou seja, depois de o potranco tolerar o convívio pacífico com as pessoas e o contato tranquilo com o maneador, é muito provável que ele não mostre resistência a estes elementos na idade adulta. “O cavalo que passou pela amanunciação vai ter uma manejo muito mais fácil e uma probabilidade muito menor de se machucar na hora da lida”, pontua Neto.   A técnica A idade ideal para a amanunciação fica entre os três e cinco meses. No primeiro dia deve-se colocar o buçal no potro e passar o cabresto pelo pescoço da mãe. Isso serve, inclusive, para evitar lesões. Já no segundo dia, porém, a progenitora precisa sair de cena. “A mãe deve ficar sem contato algum, até para diminuir o estresse”, explica o veterinário. A partir dessa etapa começam, de fato, as carícias que fazem toda a diferença.   Com o animal atado num palanque, o criador ou tratador deve correr a mão por todo o corpo dele, calmamente, e logo após repetir o movimento passando, desta vez, o maneador. Assim ele vai perdendo as cócegas e os medos típicos da espécie. “O cavalo sempre foi caça. Como todo animal desse grupo ele tem mais medo, sempre tende a fugir, e assim se trabalha esse instinto.”   Ainda que a técnica vá de encontro com a herança genética do cavalo, o resultado é rápido. Em questão de dias o potranco aprende a cabrestear. Em seguida a levantar as mãos e as patas. E não demora muito para aceitar que lhe toquem sem retrucar com coices ou manotaços. Quando chega nesse estágio, aliás, ele está pronto. Aí basta o soltar com a mãe novamente e ter a certeza de que lá na frente, quando for retomar a convivência, aquele animal vai ter guardado na memória boas lembranças sobre essa relação.   Texto: Leonardo Crizel/ABCCC