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Pesquisa permite descobrir sexo do embrião

12 DE ABRIL DE 2012

Se a possibilidade de descobrir o sexo de um bebê antes do momento do parto já é algo relativamente novo no que tange os seres humanos, o que dizer sobre esta mesma descoberta no mundo dos equinos? Por mais incrível que pareça, isto já é possível, com extrema precisão e sem o uso de um aparelho de ultrassonografia. E o mérito da conquista não é de americanos, britânicos, franceses ou chineses. É de brasileiros, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), mais precisamente dos pesquisadores e médicos veterinários, Tiago Collares e Priscila de Leon.   Através de um estudo denominado Equine fetal sex determination using circulating cell-free fetal DNA, eles conseguiram precisar, com 95% de acerto, o sexo dos fetos de 20 éguas Puro Sangue Inglês (PSI) no terceiro terço gestacional. Os frutos desta simples, porém importante pesquisa, serão colhidos tanto pela UFPel quanto pelos próprios pesquisadores e admiradores de cavalos. O trabalho já foi patenteado e logo estará sendo disponibilizado aos criadores que, por um pequeno investimento, poderão organizar melhor seus haras e saber o sexo dos potros antes mesmo destes nascerem, o que cria a possibilidade de comercializá-los, ainda na barriga das matrizes, com a certeza de seu gênero sexual.  E tudo começou de maneira bastante inusitada, no Laboratório de Biotecnologia da UFPel, onde funciona um grupo de pesquisa que agrega profissionais das mais diversas áreas da saúde. Em um dos inúmeros trabalhos, que analisava a relação do polimorfismo de um determinado gene, o p53, que ainda não estava mapeado no genoma equino, com o aborto nestes animais, surgiu a ideia de investir na descoberta do sexo fetal. “Pensamos que alguém, em algum lugar do mundo já teria se dedicado ao assunto, mas decidimos averiguar e descobrimos que não. Sabe aquela coisa de pensar que certamente alguém já fez isso? Mas não, fomos os pioneiros”, relata Collares, ainda comemorando a conquista científica. O trabalho O trabalho contou com um banco de 160 éguas PSIs, chamado DNAteca. De cada animal foram colhidas informações variadas, como quantas vezes já havia parido, número de abortos e histórico de seus produtos, inclusive premiações em pistas de corrida. Destas 160, foram selecionadas apenas as 20 melhores e mais importantes fêmeas, com idades cinco e 13 anos, que seriam as reais participantes do estudo.   O pontapé inicial diz respeito ao fato de os fetos liberam descamações celulares no sangue de suas mães, o chamado DNA livre, que circula em meio à corrente sanguínea materna. Partindo deste princípio, o segundo passo constituiu na coleta do sangue de 20 éguas prenhes no terceiro trimestre gestacional. Estas amostras foram submetidas a três técnicas distintas, o PCR, que se baseia no processo de replicação do DNA, PCR Real Time, uma variação da primeira que permite facilitar as tarefas de quantificação da expressão gênica em determinado tecido ou amostra biológica, e a de Segundo Round do PCR, que nada mais é do que uma repetição do processo do PCR. Após as análises e um período de espera de apenas três dias, já era possível identificar a presença, ou não, do cromossomo Y, este relacionado ao sexo masculino.   Os resultados da Real Time e Segundo Round foram taxativos ao apresentar 95% de acertos, diferentemente da técnica do PCR simples, que apontava um índice de erro superior. O pesquisador explica que a coleta no último trimestre da gestação está relacionada ao menor tempo de espera para comprovação dos resultados e à maior quantidade de DNA livre no sangue materno, mas que a equipe já trabalha para aumentar o percentual de acertos e na redução do tempo gestacional. “Queremos subir para o máximo, de 99.9% de acerto e incluir a pesquisa no primeiro e segundo terço da prenhes, mas desta vez com crioulos”, adianta. Ganhos  O valor desta descoberta é imensurável. Conforme explica Collares, será possível vender uma égua já sob posse da informação de que ela está prenha de determinado cavalo e que o produto será um macho, por exemplo. Fora a questão de manejo do haras, já que o criador saberá quantos machos e quantas fêmeas terá em uma determinada temporada.