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Como fazer: transporte de animais

15 DE MAIO DE 2014

Transportar um animal exige, sempre, cuidados especiais. Requer atenção à saúde, à alimentação, ao tempo de locomoção e ao bem-estar deste enquanto for conduzido. Transportar uma égua prenhe exige bem mais, pede cautela em dobro e conhecimento sobre suas reais condições. Antes de pensar em qualquer movimentação da égua após o período de monta, é necessária uma avaliação clínica detalhada por um médico veterinário, assim como o conhecimento de seu histórico de saúde e vida. A veterinária Bruna Curcio, experiente na rotina de transportes de éguas prenhes tanto no Brasil como no exterior, divide a gestação do cavalo em três etapas importantes, definindo assim as características de cada intervalo de tempo, que devem ser levadas em conta na hora da locomoção. Bruna explica que entre os primeiros 15 a 50 dias, o sinal é “vermelho” para o transporte, pois o hormônio que mantém a gestação – a progesterona – é produzido somente por uma estrutura frágil, que surge a partir de modificações do folículo pré-ovulatório no ovário da égua. Nesse período situações de estresse e ocorrência de lesões podem causar uma perda embrionária precoce. De 45 a 150 dias, o sinal passa a ser “amarelo” para o transporte. Os hormônios produzidos pelo próprio útero da égua prenhe, após o 35º dia de gestação, não são tão facilmente destruídos. Os corpos lúteos acessórios são responsáveis por manter a gestação até 120-150 dias. De 150 a 275 dias, o sinal é “verde” para o transporte. Este é o período mais seguro para o deslocamento da égua prenhe, principalmente se a viagem for longa. A partir dos 150 dias, uma associação de progestágenos e estrógenos é necessária para a manutenção da gestação e para que ocorra o aborto precisa ocorrer um elevado grau de sofrimento fetal ou alterações placentárias específicas. Claro que mesmo nesse período cuidados são fundamentais! Gabriel Lappe, proprietário da Translappe - Transportadora de Animais, com sede em Pelotas, no Rio Grande do Sul, redobra a atenção quando o assunto é locomoção de éguas prenhes. Como o centro do país, São Paulo e o Nordeste estão entre as suas principais rotas que saem do Rio Grande do Sul, o planejamento detalhado é indispensável já que o tempo é longo na estrada. “É necessário antes de sair avaliar o animal com um veterinário, definir horários de paradas e pontos de apoio - que deverão ser lugares confortáveis e seguros e ajustar o tamanho do box ideal para aquele transporte”, explica Gabriel. Segundo o proprietário, que tem mais de 15 anos de experiência, a Translappe não carrega éguas prenhes, com menos de 45 ou 50 dias de gestação. O tempo na estrada por dia não ultrapassa oito horas e há sempre um veterinário de plantão por todo o percurso definido previamente. “Independente de onde estejamos e nosso motorista, que é especializado neste tipo de transporte, perceber que há indícios de cólica, lesão ou qualquer desconforto do animal, nós somos imediatamente acionados, assim como o veterinário de plantão daquela região onde se está no momento”, exemplifica Gabriel. “Muitos criadores querem economizar e acabam compartilhando a carga com transportadoras que lotam o caminhão, fato que pode gerar grandes transtornos, principalmente para os animais. Nós acreditamos que o espaço para estes animais é indispensável, portanto, quando compartilhamos, o número de animais sempre é levado em conta, permitindo assim que não haja aglomerações perigosas aos animais que transportamos”, finaliza Gabriel. Bruna salienta a importância de se utilizar um serviço de transporte especializado, que é fundamental para o bem-estar das éguas prenhes. “Especializado passa pela utilização de caminhões adaptados para o transporte de equinos e qualificação do motorista. A utilização dos caminhões baú é muito mais segura, pois permite o conforto do indivíduo, tanto pelo equilíbrio, evitando quedas e a disputa entre os animais. Se o transporte for em curtas distâncias, tenho preferência pelos reboques e trailers para equinos do que os caminhões boiadeiros que vemos frequentemente. No período de 12 horas anterior ao transporte evitar a oferta de concentrado (ração granulada), alimentar as éguas somente com forragem, feno e água à vontade. Em transportes longos, superiores a 12 horas, oferecer feno e água durante o trajeto”, orienta a veterinária que ainda dá mais uma dica: “É importante lembrar de conferir as normas sanitárias para ingresso de nosso equino no destino final e assim evitar transtornos na etapa final do transporte. Exames de anemia infecciosa, mormo, nutaliose, durina, entre outros, assim com atestados de vacinação poderão ser exigidos, dependendo do destino final”. Texto: Valéria Cunha/Especial ABCCC