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Raça Crioula se destaca no Campeonato Paulista de Enduro

06 DE JULHO DE 2017 - ATUALIZADA EM 20 DE JULHO DE 2017 | Redator: Yago Moreira/ABCCC

Apesar de todo o protagonismo apresentado pelos cavalos de sangue Árabe, nas provas de Enduro, realizadas no centro do país, a raça Crioula vem demonstrando, aos seus novos interessados, que desbravar obstáculos naturais – principal característica dessa modalidade – também é uma de suas virtudes. Recentemente, importantes resultados trouxeram destaque à raça e chamaram a atenção para a sua versatilidade e resistência.


 


Durante as etapas do Campeonato Paulista de Enduro, que teve início em março deste ano, a amazona Isadora Herrmann destacou-se por integrar o único conjunto com um Cavalo Crioulo participante da competição e por estar em segundo lugar no ranking geral da sua categoria. As provas ocorrem nas dependências da Fazenda Capoava, localizada no município de Itu/SP, e fazem parte do circuito da Confederação Brasileira de Hipismo.


 


A criadora, que concorre pela categoria Controlada Aberta Adulto, acompanhada do crioulo Destaque do Passo do Carioca, alcançou, nas três primeiras etapas do torneio, as 3ª, 2ª e 2ª colocações, respectivamente. Ainda estão previstas mais duas etapas para o segundo semestre de 2017, uma em agosto e outra em outubro.


 


Isadora é uma paulistana de 46 anos, filha de gaúchos que se estabeleceram em São Paulo em 1969, e proprietária da Cabanha Armorial, localizada em Cachoeira do Sul/RS. Atualmente, mora em Piracicaba/SP, mas faz ponte aérea entre Campinas e Porto Alegre pelo o menos uma vez por mês.


 


Para conhecer um pouco mais essa história, confira a entrevista que a equipe da ABCCC realizou com a Isadora:


 


Quando e como iniciou a tua trajetória junto à raça Crioula?


Em 2015 herdei a fazenda de minha avó em Cachoeira do Sul, na qual passei todas as minhas férias na infância. Liquidamos o plantel de gado bovino e arrendamos as áreas agrícolas, sobrando uma pequena extensão de terra anexa a casa. Quis comprar uns poucos animais para passeio com minhas crianças quando de férias na fazenda. Assim, no início de 2016 adquiri três fêmeas em um remate. Comecei a assistir a todos os leilões pela TV e fui tomando muito gosto pelo Cavalo Crioulo. Sou engenheira agrônoma e apaixonada por criação, algo que herdei de minha avó. Resolvi então iniciar a minha própria Cabanha na fazenda, adquirindo mais alguns animais ao longo do ano passado.


 


Há quanto tempo tu já participas de campeonatos equestres?


Pratico hipismo desde jovem. Já participei e participo de diversas provas de salto, com animais de raça inglesa e atualmente com um Brasileiro de Hipismo.


 


Como surgiu a ideia de participar do campeonato paulista de enduro?


Na hípica onde monto fizeram um curso de enduro no início de 2016. Não conhecia esta modalidade e me interessei. Como já estava envolvida com a criação, perguntei ao palestrante (que já foi campeão internacional de enduro) se o Cavalo Crioulo possuía um diferencial nesta prova. Isso porque anos antes, fiz vários passeios de 8, 10 horas na Patagônia montando um Crioulo e havia me impressionado a sua resistência. Pois o instrutor respondeu-me que o Crioulo não tem o biotipo para o enduro, pois é um cavalo muito troncudo, pescoçudo e que nunca terá o desempenho do cavalo Árabe. “Um maratonista é leve e esguio”, completou ele. Como sou movida a desafios, comprei a briga e adquiri um animal para este fim, que foi o Destaque do Passo do Carioca. Ainda inteiro, conquistou o terceiro lugar na prova interna da hípica Quinta da Baronesa em outubro de 2016, em Bragança Paulista. Depois o castrei para melhorar o desempenho e iniciar o ciclo de provas da Federação Paulista de Hipismo (FPH) em 2017. Os campeonatos da FPH são os mais importantes no Estado para qualquer modalidade: salto, adestramento, CCE, enduro, rédeas e atrelagem.


 


Como tu te sentes sendo a única crioulista a participar de uma prova multi raças?


Confesso que as vitórias sobre os cavalos árabes tiveram um gostinho especial... Quanto a ser a única, seria melhor que tivéssemos mais Crioulos competindo. O próprio Instituto Enduro Brasil ofereceu uma premiação especial se houverem mais de oito animais da raça na competição. Mas existem dois senões para uma maior adesão ao enduro: o primeiro é que o Crioulo em São Paulo está direcionado para rédeas, team penning e laço. E o endurista quer um cavalo árabe, porque hoje é o sinônimo do enduro. Sei que estou começando na modalidade, mas espero poder contribuir para abrir esta porta para o Cavalo Crioulo fora do Rio Grande do Sul. 


Outro ponto que destaco é a seleção das linhagens. Veja, meu cavalo é filho do Osorno do Itaó, que lhe imprimiu uma funcionalidade excepcional (Destaque também foi 2° colocado em Prova de Laço da ABCCC, com o antigo proprietário, Jonas Leopoldino de Souza). No entanto, quando se fala em enduro, a linhagem consagrada é a Cinco Salsos. Mas será só ela a produzir animais de destaque na modalidade? O fato das provas de enduro terem pequena pontuação no registro de mérito da ABCCC faz com que a maior parte dos criatórios se dedique apenas ao Feio de Ouro, e assim temos poucos animais de reduzidas linhagens competindo na modalidade. Veja o que está acontecendo hoje com as Provas de Rédeas: o Crioulo desbancando o Quarto de Milha, algo impensável há décadas atrás. Quem sabe não aconteça o mesmo no enduro? Mas para tanto, é necessário o devido incentivo, por parte da ABCCC. Deixo aqui meu apelo para que se equiparem as pontuações nas diferentes modalidades em que o Crioulo compete. Mesmo porque, o Freio de Ouro é uma prova regional, enquanto o enduro é mundial.


 


Qual é a sensação de ser a segunda do ranking e ter um aproveitamento tão satisfatório logo na primeira vez em que tu participas desse campeonato?


Estou muito satisfeita, realmente não esperava que o Destaque apresentasse resultados tão bons em tão pouco tempo de treinamento. Antes do ciclo de 2017 da FPH, dos quais realizei três provas e ainda faltam duas no próximo semestre, só havia participado de uma competição interna da hípica onde monto.


 


Qual é a tua expectativa em relação às próximas etapas?


Acredito que conseguirei manter a competitividade nas próximas duas etapas do ranking, que se realizarão em agosto e setembro. Se assim acontecer, poderei conquistar também a premiação da Confederação Brasileira de Hipismo, que consiste na pontuação obtida nestas cinco provas da FPH, somadas a da prova realizada em junho no DF, a qual não participei, e a de Minas Gerais no segundo semestre.


 


É um desejo trocar de categoria, no próximo ano?


As provas de enduro são divididas em duas categorias: velocidade controlada (20km e 40 km) e velocidade livre (60km, 80km, 120km e 160km). Na primeira, vence o cavalo que apresentar menor batimento cardíaco 20 minutos após a prova. Na segunda, vence o conjunto que fizer o percurso em menor tempo desde que a frequência cardíaca do cavalo não ultrapasse 64 bpm. As provas a partir de 80km já integram o circuito internacional. As provas que competi são o início de um longo percurso na modalidade e em 2018 pretendo ingressar nos 40km. Mas também tenho o sonho de participar da Marcha de Resistência em Jaguarão, vamos ver como o conjunto avança!


 


Confia o Ranking da competição e o resultado das três primeiras etapas:


 


1ª etapa


http://ibdeias.tecnologia.ws/instituto/NovodetalheProva.asp?id=170101#resultados


 


2ª etapa


http://ibdeias.tecnologia.ws/instituto/NovodetalheProva.asp?id=170102&idcategoria=22#resultados


 


3ª etapa


http://ibdeias.tecnologia.ws/instituto/NovodetalheProva.asp?id=170103&idcategoria=22#resultados


 


Ranking


http://ibdeias.tecnologia.ws/instituto/RankingGeral2.php